Eu já participei de bandas de metal antes e andei com metaleiros, e eles sempre enaltecem o Metal como um estilo de música superior. Por exemplo, dizendo que o Metal usa escalas egípcias e outras escalas rebuscadas, além de sempre enaltecerem os guitarristas mais famosos por suas qualidades técnicas, etc.

Vocês acham que essa característica esnobe do metal se justifica ou os outros estilos musicais também são rebuscados e têm bastante conteúdo?

Eu acho, por exemplo, que há bandas mainstream do Brasil que não são de Metal que têm um fundo cultural muito interessante e mais real do que o Metal, que busca sempre se encontrar no misticismo ocidental - mesmo quando falam do próprio Egito, o fundo cultural vem da visão ocidental do Egito e não do que os egípcios pensam de si.

  • felipesiles@lemmy.eco.br
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    25 days ago

    Digo, com certa propriedade de doutorando em Musicologia na USP (perdoem a carteirada), que não há nenhum elemento musical que indique objetivamente a superioridade do metal sobre outros gêneros. A impressão que eu tenho, é que esse é um fenômeno brasileiro, na formação do público do metal por aqui, já que as pessoas que têm acesso a esse gênero em geral são de classe média, pois possuem meios para compreender o inglês e consumir as músicas por meios alternativos que não a grande mídia. Então essa sensação de superioridade não é musical, e sim de classe, na minha opinião.

    • lacaio da inquisição@mander.xyzOP
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      25 days ago

      Eu discordo que seja um fenômeno brasileiro. Eu sigo algumas lives na Twitch do exterior e percebo um fenômeno semelhante. Não tem a ver diretamente com metal, mas vem de coisas que também são elogiadas pelas mesmas pessoas. Talvez sejam de classe média. Mas estes streamers regularmente falam “scheisse” e também já vi um deles elogiando Steven Ray Vaughan, além de recorrentemente elogiar a música mainstream. Enquanto isso não tem a ver diretamente com metal, acho que tem a ver com a situação que você disse. Portanto, acho que existe uma “classe média” elitista nesses países também (pelo menos nos EUA, Canadá e Rússia). Digo isso porque um deles é um senhor de idade que diz que frequentava os melhores hotéis de Toronto, etc.

      O mesmo fenômeno ocorre no Brasil de elogios a Steven Ray Vaughan e Joe Satriani.

      Edit: Concordo que talvez o metaleiro europeu e ocidental seja mais introspectivo, até porque nesses países há mais fomento à liberdade individual. Há uma certa tendência ao isolamento que não ocorre no Brasil. Que gera esse efeito hardcore europeu. São muitos dos amantes de metal da Europa. Brancos, extremistas, com tendência ao isolamento e propensos ao uso de opióides.

      Edit2: Estou adicionando esse segundo edit mais como desabafo, eu ia incluir na publicação mas resolvi não incluir. Eu fiz faculdade de Produção Musical, que foi onde conheci as pessoas dessa banda de metal. Mas não sou nem bom músico, nem bom produtor. Inclusive eu só fiz produção musical porque não passei no teste de admissão da UFRJ para compositor. Era uma peça de Bela Bartók e eu falhei miseravelmente. Mas eu sou melhor no piano agora sem pegar 10 anos no instrumento do que na época. É tudo uma questão de feeling. Se a música não flui você não pega de jeito nenhum. É que nem futebol, outra coisa que eu investi tempo a beça e nunca fui bom. Mas é assim a vida.

  • YaxPasaj@lemmy.eco.br
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    17 days ago

    Sempre tem um pessoal que quer ser o raíz, hardcore ou fodão de algum estilo musical, e esse tipo de pessoa me dá muita canseira e os evito. Eu vivo até o pescoço no meio do Rock e Metal, e felizmente a maioria das pessoas que conheço, quando faz esse tipo de comentário é de zoeira e não é perto de pessoas que possam levar a sério e se ofender.

    No caso do Metal, eu amo como o Massacration parodia essa mentalidade, e sempre recomendo a banda.